|
Trancoso Sustentável
Entre os dias 23 e 25 de
novembro aconteceu no auditório do Club Med o evento "Trancoso
Sustentável" promovido pela SAT - Sociedade Amigos de
Trancoso.
clique aqui para ver a galeria de fotos
do evento
Sustentabilidade como
projeto para Trancoso
Foram três dias de muitas análises e
discussões. Entre 23 e 25 de novembro, comunidade, ambientalistas,
representantes de ONGs nacionais e internacionais, além de
autoridades ligadas às mais importantes entidades da área do meio
ambiente estiveram em Trancoso, Bahia, para discutir a atual
situação do distrito de Porto Seguro e definir estratégias para
garantir a sustentabilidade em uma das regiões mais bonitas do país.
“Essa área do sul da Bahia ainda está no ponto que chamamos de
‘amarelo’, mas se não adotarmos nova postura, a situação entrará na
zona crítica e irá para o vermelho. Precisamos, sim, voltar para a
área de conforto, que é o verde”, afirma Fábio Feldmann, um dos
idealizadores do projeto “Trancoso Sustentável”, ao lado dos membros
da SAT, a Sociedade Amigos de Trancoso.
A região, considerada pela Organização das Nações Unidas como
Patrimônio Natural da Humanidade, é brindada com trechos de Mata
Atlântica, mas também enfrenta os problemas do desenvolvimento
desordenado e da falta de um plano diretor. Os problemas sociais
também chegaram em Trancoso.
Durante o período do evento, José Roberto Marinho, da Fundação
Roberto Marinho, Cristina Montenegro, coordenadora do PNUMA
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Rachel Biderman,
do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas,
Mário Mantovani, do SOS Mata Atlântica, o Secretário de Estado de
Meio Ambiente da Bahia, Juliano Matos, entre outros, reuniram-se em
mesas e painéis. “Estratégias para o Turismo Sustentável no Litoral
Sul de Porto Seguro” abordou as experiências de sucesso de turismo
sustentável no mundo e as implicações positivas que são geradas.
Foram analisadas também as tendências e experiências inovadoras no
desenvolvimento sustentável, assim como a legislação ambiental e
experiências de preservação, temas de grande destaque.
Entretanto, toda realidade foi também analisada in loco.
Palestrantes e alguns convidados visitaram o lixão, áreas de
expansão desordenadas, turismo de massa, desmatamento e a degradação
ambiental, que ocorrem por conta de invasões irregulares. A proposta
do grupo é que o trabalho tenha continuidade, com comprometimento
dos participantes no processo para garantir o desenvolvimento com
sustentabilidade na região. Esse conceito envolve não apenas a
questão ambiental, mas a econômica e social também.
Palestrantes:
Fábio Feldmann – Consultor e Ambientalista
Cristina Montenegro – PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente)
Reinaldo Dantas – Diretor em Investimentos Turísticos, Secretaria de
Turismo da Bahia
Ana Cristina - TNC
Maluh Barciotte – Viva Bem/Instituto GEA
Cláudio Savaget - Globo Ecologia
Alberto Pereira – Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo
Rachel Biderman – Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação
Getúlio Vargas
Durval Olivieri - Ambientalista
Jorge Khoury – Deputado Federal - Bahia
Fernando Furriela – ex- presidente do Conselho do Greenpeace
Juliano Matos– Secretário de Meio Ambiente da Bahia
Ruy Muricy – CRA (Centro de Recursos Ambientais)
Maria Cássia Boaventura - IPHAN
Roberto Mourão – Instituto EcoBrasil
Mario Mantovani – SOS Mata Atlântica
Maria Lucia Freire – SMA (Secretaria do Meio Ambiente SP)
Alyson Costa – Pólo Ecoturismo Lagamar
Clayton Lino – Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
Marcelo Takaoka – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
Fernando Brutto - Instituto Chico Mendes
José Francisco Azevedo Junior – APA Trancoso / Caraíva
Fernanda Pannunzio: assessora de comunicação
Cel. 11. 8223.6476
fernanda.pannunzio@gmail.com
PROJETO DEFENDE SUSTENTABILIDADE DE TRANCOSO
* Fabio Feldmann
Semana passada foi realizada em Trancoso a primeira reunião de
trabalho do projeto "Trancoso Sustentável", que visa, entre outros
objetivos, fomentar a criação de um espaço público de articulação
dos principais atores sociais presentes na região, tais como
lideranças locais, setor empresarial e órgãos públicos, de modo que
os mesmos possam conjuntamente desenhar e implementar um processo
que induza o desenvolvimento sustentável da região, permitindo que
essa experiência se torne uma referência singular a ser replicada em
outras partes do Brasil.
Em Trancoso, estão situados importantes fragmentos remanescentes do
bioma Mata Atlântica, considerada um dos hotspots da biodiversidade
mais ameaçadas do mundo e tida pelo Ministério do Meio Ambiente como
área prioritária de extrema importância para formulação e
implementação de programas e políticas públicas voltadas para sua
conservação. Além disso, a região é considerada pela Organização das
Nações Unidas como Patrimônio Natural da Humanidade.
Apesar de todos estes fatos, Trancoso vive atualmente uma situação
crítica, assim como muitas outras localidades do país: os desafios
do abastecimento de água e do saneamento, segurança pública e
educação, a conservação e a recuperação da cobertura florestal e a
conciliação entre o potencial do turismo ecológico com as riquezas
naturais e culturais são temas da agenda do movimento.
Dessa forma, foram reunidos profissionais renomados, membros do
governo, representantes de importantes ONGs brasileiras,
representantes de agências ligadas à ONU, lideranças locais e
moradores da região para que conjuntamente fosse definido um novo
pacto social, no qual a sustentabilidade da região é o objetivo
central. Os visitantes realizaram algumas visitas de campo para que
pudessem entender a realidade local com mais clareza: lixão; áreas
de expansão desordenada no meio urbano; grande volume de turistas
desprovidos de referências sobre o valor cultural e ambiental da
região e seu papel sobre este meio, agravado pela prática do turismo
de massa, desinformado e descontrolado; desmatamento desordenado;
expansão agrícola e florestal e as dificuldades na integração das
agendas de conservação pública e privada são um desafio a ser
transformado em oportunidade de valorização.
Como contraponto, o potencial do eco-turismo local e regional é
extremamente grande e um dos objetivos é vinculá-lo ao fomento, à
conservação e ao uso sustentável de florestas e de serviços urbanos,
já que o papel das florestas é amplamente reconhecido numa economia
e numa sociedade forte, fruto dos seus serviços na produção de água,
na manutenção da biodiversidade e no valor de sua beleza cênica e
raiz da cultura local.
Além disso, a iniciativa terá como um dos seus principais pilares a
incorporação de critérios de sustentabilidade em investimentos
produtivos de longo prazo, visando assegurar operações viáveis,
provedoras de benefícios sócio-econômicos a todos os agentes
envolvidos, distribuídos equitativamente, com emprego de qualidade,
geração de renda e alívio da pobreza.
Em suma, o que a iniciativa está tentando formar é um grupo
engajado, capaz de transformar a dinâmica local em prol de seu
desenvolvimento sustentável, o que deve contemplar necessariamente a
garantia de boas condições de vida à sua população e a preservação
do meio ambiente e de seus recursos naturais. O que fica depois do
sucesso da reunião é o dever e compromisso deste grupo em trabalhar
nas alternativas viáveis para que suas metas sejam alcançadas e em
cada vez mais agregar novos atores interessados no tema e capazes de
contribuir para que esta transformação se concretize. Boa sorte!
Fabio Feldmann é consultor, advogado, administrador de empresas,
secretário executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas
Globais e de Biodiversidade e fundador da Fundação SOS Mata
Atlântica. Foi deputado federal, secretário do Meio Ambiente do
Estado de São Paulo. Dirige um escritório de consultoria, que
trabalha com questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável.
|